PALAVRAS POETIZADAS

O baixo e o papel

 

Eu sempre ajeitei meu cabelo na hora que você caminhava a minha frente no seu andar despojado e exibido. Sempre achei que fosse um pouco de marra, sabe? Você dava três passos para em seguida virar seu pescoço e me olhar nos olhos, enquanto eu dava risada e você sorria emburrado. Costumava ainda, depois da sexta aula, ouvir sua banda tocar e me apaixonar pela voz do vocalista. É, eu sei que você toca baixo, mas a voz dele me faz delirar.

Alias, lembra daquele show que eu fui só para te ver? Acho que foi surpreendente para você. Para mim também foi. E a parte mais engraçada é que eu odeio surpresas. Até para mim mesma. Mas essa eu gostei. Aquele show foi o começo de tudo… Adoro começos concretos. Acho que o joguinho pré-começo-da-nossa-historia me cansa. Me diverte um pouco… Mas eu tinha vontade de te conhecer. Conversar com você. Sentir seus lábios. Sentir você. Pensava (secretamente) como era seu abraço, como era seu sorriso apaixonado (já conhecia o emburrado) e como era ver seus olhos mais de perto. Essas preliminares me faziam dormir um pouco mais tarde a noite. Como uma (pseudo) escritora que sou, desenrolava fatos para a nossa futura história.

Não foi nada de como eu imaginei… Talvez foi melhor assim. Me surpreender de novo. E dessa vez foi melhor… Seu beijo foi melhor do que eu imaginava. Seu abraço também. Seu colo também. Suas conversas. E seu sorriso apaixonado dizendo o primeiro eu te amo. E a primeira musica dedicada. Talvez eu acorde ainda desse sonho maluco de prever o futuro quase incerto. Enquanto isso, fico criando histórias, reinventado uma história de amor… Sabe como é. Eu transformo sonhos em textos. Você em musica. Talvez as duas se cruzem por ai.