Sobre o (pseudo)intelectualismo

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Eu tenho uma dificuldade imensa em discussões. Tenho um complexo de nunca achar que minhas argumentações tem embasamento o suficiente e geralmente eu fico no canto de algumas enquanto observo as pessoas falando besteira como se tivessem a propriedade de um doutor no assunto. Hoje eu vou fugir um pouquinho dessa regra.

Eu não sei se comecei a ser mais observadora, se as pessoas em gerais mudaram, se eu tô ficando mais velha ou se ainda é tudo isso junto: mas todo mundo anda querendo parecer inteligente e culto o tempo todo! E esse papo prolixo sobre assunto que ninguém entende direito me deixa possessa!

Tem uns trocentos filósofos que falam sobre isso mas eu juro que aderi a essa opinião antes de descobrir que Descartes e Platão pensavam da mesma forma (J-U-R-O!): geralmente algo que é levado ao extremismo tá errado.

Como é chato discutir filosofia, política ou literatura o tempo todo! Minha cabeça começa a doer e eu vou ao mundo da lua e volto. Conversar sobre temas complexos é muito gostoso mas eu tenho um problemão com isso: eu encuco num assunto e não paro até conseguir decifrar na minha cabeça. Por isso que as vezes eu prefiro conversar sobre amenidades: falar sobre o cotidiano, sobre o cara que eu peguei semana passada ou sobre uma balada. A mesma coisa sobre musica: as pessoas ficam malucas ao saber que eu escuto e canto na mesma empolgação, sei lá, Henrique e Juliano e The Doors. E ainda estudo e durmo (as vezes estudar me leva a dormir mas não vem ao caso) Bach. Não me acho diferentona por isso e nem acho que é uma característica admirável. Não tem nada demais em gostar de algumas coisas que são diferentes: sei que sertanejo universitário nem sempre tem a mesma qualidade musical que um rock ou uma música clássica, mas o ritmo é animado e depois de algumas caipirinhas na balada, é muito mais gostoso de dançar e fazer coreografias para se divertir com os amigos.

Eu divaguei sobre um assunto sem próposito e tô aqui pensando em como pode ser mal interpretado. Mas essa é uma das vantagens de ter blog pequeno: quase ninguém lê e faz estardalhaço por ter opiniões contrárias. Enfim.

Acho que o ponto é que eu quis chegar é o seguinte: nem tudo precisa ser culto, refinado e de qualidade o tempo todo. As vezes um botequinho até as 4h da manhã conversando amenidades e ouvindo um Gonzaguinha é muito mais divertido que um jantar tomando vinho e discutindo poesia e filosofia com gente intelectual.

Trilha sonora de março

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Mais um mês acabando e uma trilha sonora recheada de bandas legais que embalaram meu mês. Nesse mês conheci muitas bandas sensacionais e muitas indicações de gente que acertou em cheio no meu gosto musical. Escutei um bocado de soul e estou me perguntando até agora o porque de não ter escutado antes, é tão bom. Enfim, sem mais delongas, aqui está a playlist de março. Espero que vocês gostem!

“Tenho tanto sentimento

fernando

Que é frequente persuadir-me
De que sou sentimental,
Mas reconheço, ao medir-me,
Que tudo isso é pensamento,
Que não senti afinal.

Temos, todos que vivemos,
Uma vida que é vivida
E outra vida que é pensada,
E a única vida que temos
É essa que é dividida
Entre a verdadeira e a errada.

Qual porém é a verdadeira
E qual errada, ninguém
Nos saberá explicar;
E vivemos de maneira
Que a vida que a gente tem
É a que tem que pensar.”

Fernando Pessoa, in “Cancioneiro”

Fotos da semana

O fotografo da semana é super especial. Estava a toa pela internet e encontrei o trabalho dele e fiquei apaixonada pelo talento do Mathias Sterner. Eu adoro a sensação de descobrir algo muito bom ao acaso. O sueco é de uma cidadezinha super charmosa chamada Kalmar. Segundo ele, suas inspiração vem da natureza: a partir das formas e padrões de paisagens e florestas. Ele ainda se influencia pela pintura renascentista e escultura. Quem tem duvida que ele ama o Michelangelo? Confiram o trabalho do Sterner:

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Eu lírico

eu lirico
Madrugadas sugam meu pudor e felicidade. A solidão se entrelaça a desinibição em textos que mais soam como confissões. Em palavras consigo me despir da vergonha e meu interior se liberta de convenções que ele tanto insiste em participar. Liberto do cárcere meus sentimentos e por mais que exclame tanto por eles em linhas em mais linhas, travo uma batalha para não deixa-los me dominar quando a madrugada acaba.

Talvez eu não esteja pronta para me entregar a mim mesma.

Tenho tantos eus escondidos que nem eu mesma tenho força para aguentar ou coragem para expor.

Talvez essas madrugadas são suficientes para para que eu possa me expressar um pouquinho, numa página anônima qualquer fingindo ser uma pessoa anônima qualquer… sendo legitimada apenas pela genuinidade do que eu sinto.

Até logo

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Eu tenho dificuldades com até logos. Para mim são muito mais doloridos que adeus.

Até logos deixam um restinho de esperança e memórias. Até logos conseguem magicamente que a razão e o coração se conciliem… e esses dois unidos compactuam para você sentir mil coisas de uma vez só – e meus amigos, como você sente. Como você pensa vinte e quatro horas por dia e esse tal impossível-indefinir-se-é-passado-ou-presente vai parar até nos sonhos.

Até logos não apagam o tal fogo do amor que Camões tanto poetizava e colocam ponto final. Até logos deixam um pouquinho da chama do que já foi, ora mais aceso, ora mais quase apagado.

Por isso evito até logos. Gosto de ponto finais, pingos no i, de esclarecimentos. Se for para ficar, que traga todas as suas coisas e se acomode de vez. Se for para embora, que leve tudo e não deixe nem um rastro de perfume para que atice a saudade numa madrugada em que eu estiver solitária.

Gostar já é complicado. Das minhas exigências, prezo apenas por uma: que tudo seja claro.

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