São Paulo

Dia desses fiz conexão em São Paulo no aeroporto de Guarulhos e precisava chegar em Congonhas para pegar outro voo. Apressei as coisas e subi no ônibus até o destino. O misto do trânsito, sono e a vista do centro me fizeram lembrar de tudo que São Paulo representa e já representou para mim.

Meu primeiro contato com a cidade, de verdade, foi em circunstâncias que eu não desejo a ninguém. Hospital, doença, descobertas… Em São Paulo eu vivi a maior dor da minha vida, a dor que me modificou. Foi também em São Paulo que eu descobri que eu poderia ser um pouco mais eu sem medo de ser julgada. Em São Paulo eu me apaixonei (quase de verdade) pela primeira vez. Em São Paulo eu cresci a força e vi minha família, meus amigos, a vida e a morte de outra forma.

Foi sonhando com São Paulo que eu passei meu ensino médio. Ainda lidando com as dores do parágrafo anterior, a adolescência e a depressão, sonhar com a cidade me fazia escapar do que eu achava estar onde eu morava. Era vislumbrando um futuro longe de tudo que eu achava detestar que eu conseguia ter um alívio enquanto me descobria como mulher, como pessoa, como amiga, como filha e como futura profissional.

Lembro de ter me dedicado tanto à esse blog e tanto a me enclausurar num mundo em que a maioria dos meus amigos, paqueras e vida giravam em torno de fugir da minha cidade e ir para São Paulo viver tudo que eu achava que eu não podia aqui. Eu sonhava em morar sozinha, estudar numa faculdade que realmente iriam ter pessoas como eu e que eu poderia fazer todas as maluquices possíveis.

Foi no auge do meu ódio por mim mesma que eu encontrei em São Paulo uma pessoa para me apaixonar e me fazer ficar pior por eu ter idealizado mil coisas e descoberto depois, na terapia (amém terapia!), que o que eu idealizava nele era o que eu queria para mim em São Paulo: poder pagar as minhas contas, ter independência e fazer o que eu bem querer, com quem eu quisesse.

Hoje eu passo por São Paulo e a sensação que eu sinto é a mesma de olhar uma foto antiga de um momento muito feliz. Hoje sinto uma sensação de aconchego, não mais de fuga. De uma cidade que me acolheu sem que ao menos soubesse.

Publicado por Alice

Pudera eu me descrever impecavelmente.. Usar palavras que encantassem pela estruturação perfeita… Pela forma suave…E ao mesmo tempo poderosa…Pelo português impecável…Pelos conjuntos de adjetivos que se entrelaçam entre si de uma maneira harmoniosa…Pelos sarcasmos indispensáveis nas horas surpreendentes…pela retração da realidade com olhos excêntricos… Mas não! Prefiro que eu seja descobertas nas entrelinhas, em uma musica, em uma piada, em uma crítica, foto e ate quem sabe um vídeo… Sem pré-conceitos lidos em um about. Que cada parte que eu exponha aqui seja a porta de entrada para realidade (distorcida, fantasiada, equacionada, vivida) da minha mente. Que essa tal descoberta seja feitas pelas bordas, pelos detalhes que fazem qualquer pessoa diferente, com seus jeitos, mania, sua personalidade. Mas simplificando, talvez um adjetivo possa expressar o que provavelmente você vai achar: Confusa.

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