PALAVRAS POETIZADAS

Final de algo que nunca começou

Talvez eu quisesse ser toda aquela expectativa que eu criei para nós. Talvez – bem lá no fundo – eu quisesse acreditar que valeria a pena, que dessa vez seria o oposto, que dessa vez não haveria nada entre nós. Mas  – nem tanto no fundinho – eu pude perceber o que você é antes de danos permanentes.

Talvez você também sofra de dupla personalidade, e que não seja algo natural e tão espontâneo agir como duas pessoas distintas, vivendo e distribuindo ilusões por ai. Espero. Ainda bem que pude enxergar o precipício antes de cair nele. Ainda bem que não foi fatal. Amém. Mas o tiro foi dado. Passou só raspão e ainda sim conseguiu deixou uma cicatriz – minuscula, mas ainda cicatriz – do estrago que você fez.

Essa ferida do-que-era-diário-e-agora-não-é-mais dói. Acostumar-se com alguém e depois vê-lo saindo as pressas, sem aviso prévio fere. E como. O inquilino se desapossa com tanta rapidez que esquece de levar todos seus pertences do lugar que costumava ocupar. E tudo permanece do jeito que era, exceto pelo protagonista da história que era pra ser e não foi.

Esperei de você uma história (daquelas dignas de romances) e em troca ganhei um conto xucro e sem vida. Culpa sua por mentir ou minha por acreditar.