PALAVRAS POETIZADAS

Sobre socialização ou a dificuldade dela

As vezes – quase sempre – me sinto tão avulsa as pessoas que a sensação de que ser uma a mais, uma a menos se torna quase presente. Isso me incomoda pelo fator socializar e não parecer estranha, só que na verdade interagir com pessoas tão diferentes e que vivem uma realidade tão oposta a minha não me faz falta. Não que eu não seja fútil (todo mundo é), mas respirar cem por cento  e vinte quatro horas um ar contaminado de “que marca é essa roupa?”, “acho que vou conseguir camarote para essa balada”, “você viu fulana de tal fazendo isso?” me faz ter overdose.

Eu queria ser mais maleável ou flexível nesse aspecto, entrar na onda e tirar sarro. Mas o lado “SAI DAQUI AGORA” grita mais alto. Ser forte, e aguentar a pressão em tese é bem fácil, mas vivencia-las é outros quinhentos. Socializar com um pessoal que eu não dou a mínima é uma experiencia irritante e desgastante e no final das contas tenho que ignorar o que eu gosto, fingir o que eu não sou e adaptar-me.

Adaptação. Ta ai uma palavrinha que transforma e peneira as pessoas. Um professor de filosofia me disse que até a fase adulta teremos nos ajustado o que a sociedade pede. Concordo. Um ou outro passa despercebido pela grande convenção social, mas no fim agimos como robôs e nos conformes: agindo assim, pensando assim, vestindo assim e opinando assim. Fugir é até uma solução, mas pera, pra onde?

Experiência antropológica que pretendo vivenciar pode destruir minha tese: vou sair em uma dessas pseudos metrópoles – que mais tem cara de cidade pequena do interior – e ir para grande capital. Ah, São Paulo! Sei lá se vai ser igual, ou vai ser diferente. Mas até o tempo de me adaptar, conhecer tudo e talvez me decepcionar vai colorir uma mente que anda tão… desanimada.