PALAVRAS POETIZADAS

Personalidade

Fiz algumas coisas atoas. Mas não sei se seriam realmente atoas os meros atos irracionais e banais que agi até agora e que provavelmente irão se repetir até o momento que dar tchau pro planeta Terra (tomara que reencarne em outro planeta, em outra galaxia) ou se foram um daqueles atos pseudo-banais que construíram o que eu sou agora. O que eu sou agora, não serei daqui um minuto. Vivo mutante… mudando minha mente de órbita, pensando aleatoriamente até resolver alguma incógnita que eu sequer imaginaria que existia, e muito menos que houvesse solução. Talvez também, minha cabeça seja feita de nós, e cada falha tentativa de botar a cacholeta em ordem tenha ajudado um pouquinho a deixar o nó mais frouxo. Mais frouxo. E não desata-lo por completo. Sei lá. Uso umas metáforas estranhas. Talvez eu seja estranha. Talvez não, eu sou. Um tempinho atrás (tempinho mesmo, meses atrás), eu tentava me encontrar em qualquer pessoa que demonstrasse um gosto parecido com o meu. Tentava me encontrar mesmo. Acho que é coisa de televisão. Ser um esteriótipo e não você mesma. Mas enfim. Lá ia eu, caixa de ossos e coração, procurando alguma vítima para ser o que eu queria ser. Tentava absorver a personalidade, pensar igual, e nada… Não pensava. Qualquer atitude que tentava reproduzir, minha mente apitava e dizia: Nananinão. Não conseguia. Absorvia um pouco, e só. Vivia por ai, me procurando, tentando me achar nos outros. E a tiracolo a angustia de ser uma sem personalidade por ai. Parei. Pensei. Recorri ao meu adorável Nietzsche, que costumava dizer: “Torna-te aquilo que és.” E me tornei. Livrei de esteriótipos, de modelos, de padrões. E essa tal sensação de tornar aquilo que és é mesmo sensacional.