PALAVRAS POETIZADAS

Amizade (ou a falta de) e o amor

Eu me sinto com a síndrome de Peter Pan quando vejo as pessoas se relacionando umas com as outras. Me aterroriza a ideia de uma pessoa ser seu tudo: SÓ ela saber todas as suas coisas, SÓ vocês dois serem contra o mundo. Parece que as amizades se anulam nesse sistema e, meu Deus, eu gosto tanto dos meus amigos. Eu gosto tanto dos nossos encontros, das nossas confidências, das piadas que só a gente entende e de quem somos quando estamos entre nós. Não acho que nenhum amor substitui essa sensação.

Sei que cada pessoa tem vários lados e alguns traços se expressam mais com uns amigos e outros com outros, sim, eu sei. Mas a maioria das pessoas mudam tanto quando fazem da outra o seu mundo. Por que a gente sempre coloca esse tipo amor em primeiro lugar? Por que o nosso mundo e a maioria dos planos giram em torno do matrimônio (ou algo similar a ele), da presença sempre constante e de compartilhar todas as confidências? Onde os amigos entram nessa equação?

Eu realmente sinto uma agonia que me domina por completo quando vejo isso acontecendo com os meus amigos e as pessoas ao meu redor. Como se não tivesse escapatória. E mesmo se EU tivesse, o que adianta me diferenciar se todos a minha volta tem o mesmo padrão de comportamento? O que significa essa pressa e urgência de ter uma só pessoa? Faz parte de nós?

Então o final se resume a todos os amigos sendo menos amigos e o meu mundo e o mundo de mais alguém serem incorporados mais e mais até que as nossas personalidades se tornem cada vez mais parecidas?

A vida adulta me desespera em todos os sentidos.