PALAVRAS POETIZADAS

O último

Esse texto não é dedicado a você, é dedicado para mim. Você foi apenas parte de um percurso para que eu compreendesse algo maior.

Nós não fomos suficientes para nós. Não que exista esse plural quando se trata de nós (!) dois – ainda que minha mente insista em acreditar nessa mentira em madrugadas em que minha mente e regadas a insônia ou quando me deparo com algo que você gosta – ou gostava? Vai saber… – e todo esse minúsculo passado feliz que volta para esquentar meu coração.

Nós não somos suficientes para nós. Não porque eu goste de comédia romântica ou sinta mais sono assistindo ficção científica do que tomando um sedativo. Não porque você abomina o Adam Sandler e acha que passar uma noite lendo HQ seja um programão para o final de semana. Nós não somos suficientes para nós porque o que nos diferenciou foi mais forte do que o que nos uniu.

Nós não somos suficientes para nós porque você não foi suficiente para mim; A brevidade de felicidade que você me trouxe veio acompanhado de um inverno não metafórico de tristeza e uma tentativa falha de parecer feliz. Me trouxe semanas em casa, enclausuradas com livros e nos textos que dediquei a você com o coração apertado.

E eu não fui suficiente para você. Não por falta de esforço ou afeto. Não fui suficiente apenas por não ser… suficiente.

Talvez o que mais me doeu nesse tempo foi tentar ser o que não era e me perder e perder você no meio desse caminho. Me moldar (engrandecendo algumas partes e diminuindo outras) para caber em algo que fosse ideal para você. Enquanto eu transbordava nas bordas, culpada, enquanto algumas outras permaneciam incompletas.

E hoje aprendi:

Ocupo mais espaço e me expando sem vergonha alguma da extensão de mim mesma.

Nós não somos suficientes porque ser suficiente para um outro não é algo unilateral.

E apesar de tudo, não te culpo… sermos sujeitos com qualidades e defeitos não nos tornam culpados. Apenas diferentes demais para sermos suficientes.