Eu não consigo lembrar de você sem as minhas incertezas. Do que foi real e do que transformado pelo meu sentir medroso.
Não tenho mais certeza de suas palavras e do seu olhar, da sua voz e da sua doçura, do que foi exposto e das dores que eu escondi por me machucarem demais.
Não me lembro mais de que é te amar sem murchar, de te lembrar sem culpa, desabar e ser acolhida. Ou talvez isso também faz parte do que não existiu e eu inventei? Eu quase não me lembro mais. O nosso passado já é tão passado que centenas de vidas já passaram pela gente, assim como o que acreditávamos e os problemas que vivíamos.
Eu sei que eu não pertenço mais ao seu presente e futuro e você não pertence mais ao meu. Você tá feliz e eu tô… vivendo. No modo automático. Supondo se seus conselhos seriam úteis ou se eu me afastaria de novo com medo de me despedaçar.
Eu sempre te vi como diferente, carregado de uma sensibilidade singular e uma vontade de me fazer feliz que ninguém nunca teve. Sei também da minha capacidade de embelezar o monótono e disso ser uma possível alucinação metafísica de alguém que poderia me ajudar e que não se esconde atrás de um comportamento operante.
A verdade é que a verdade dói demais… às vezes enganá-la pode ser benéfico.