PALAVRAS POETIZADAS

Digressão

O céu da minha cidade é pura poesia para mim.

Talvez pela localização geográfica, talvez por não ser tão poluída, talvez por saber que cada cidade do mundo, mesmo compartilhando o mesmo céu, tem uma perspectiva diferente dele. Eu adoro metáforas clichês e uma delas é perceber que apesar de existir um único fato, cada pessoa vai interpretá-lo de uma maneira. Eu não disse que gostava de metáforas clichês?

Acontece que o céu costuma ser estrelado e o amanhecer, maravilhoso. Esse degrades de cores e a mudança de cenário me fazem divagar com besteiras. Numa dessas madrugadas quaisquer, renunciei ao ar condicionado e decidi sentir a brisa do céu que acabará de chover, esfriando meu quarto. Já era quase de amanhã e o alvorecer do dia era tingido gradualmente de azul com amarelo, formando uma fresta de luz em cima da televisão que, por algum motivo que não faço ideia, me fez refletir sobre algumas bobeiras sem sentido.

Eu queria compreender de que lugar do meu corpo ou da cabeça surgem tanto sentimentos. E porque essas intensidades absurdas são tão migratórias.

Eles aparecem com uma força perturbadora, que domina minha mente, meu corpo e findam minha lucidez. Depois desse porre, ele vai embora e me deixa aqui, sedenta pela sensação de vivacidade, do coração batendo forte e meu sangue correndo em minhas veias ébrias por paixão.

Mais um dia nasce e eu continuo aqui, inacessível a uma parte de mim mesma.