Agora que você se foi, posso enxergar com clareza. Posso enxergar sem o encantamento que você me proporcionava, sem o brilho dos seus olhos nos meus, sem seu perfume, sem seu abraço. Agora, posso enxergar a verdade.
Aquela verdade. A dolorida. A verdade que não se camufla nos bons momentos, nos sorrisos e na ilusão. A verdade que me fez sofrer pra caramba, escrever mil textos e a deixar meu coração com uma marca que talvez não saia. Pude enxergar que todos os defeitos se aplicavam a você e eu não queria ver. O que mais me corrói é saber que tudo isso poderia ser evitado se eu tivesse ouvido minha intuição e minha lógica e não ter dados ouvidos ao estúpido – e estúpido, e estúpido, e estúpido – coração.
Sempre ele, não? Quando será que ouvir mesmo os sentimentos valerá a pena?
O que resta, de todos os esses momentos, as mil fotografias, as quinhentas conversas é um adeus. E um restinho de amor que se transformou em pena e nojo. Por você, sua personalidade, caráter e todas as moléculas que compõe o que você é. Talvez uma metamorfose resolva tudo que anda desencaminhado em você. E ai, meu caro, a tal evolução darwiniana faça algum jus e te transforme em uma pessoa de verdade. Daquelas com compaixão.